Jó 15 João Ferreira Almeida Atualizada (AA)

1. Então respondeu Elifaz, o temanita:   

2. Porventura responderá o sábio com ciência de vento? E encherá do vento oriental o seu ventre,   

3. argüindo com palavras que de nada servem, ou com razões com que ele nada aproveita?   

4. Na verdade tu destróis a reverência, e impedes a meditação diante de Deus.   

5. Pois a tua iniqüidade ensina a tua boca, e escolhes a língua dos astutos.   

6. A tua própria boca te condena, e não eu; e os teus lábios testificam contra ti.   

7. És tu o primeiro homem que nasceu? Ou foste dado à luz antes dos outeiros?   

8. Ou ouviste o secreto conselho de Deus? E a ti só reservas a sabedoria?   

9. Que sabes tu, que nós não saibamos; que entendes, que não haja em nós?   

10. Conosco estão os encanecidos e idosos, mais idosos do que teu pai.   

11. Porventura fazes pouco caso das consolações de Deus, ou da palavra que te trata benignamente?   

12. Por que te arrebata o teu coração, e por que flamejam os teus olhos,   

13. de modo que voltas contra Deus o teú espírito, e deixas sair tais palavras da tua boca?   

14. Que é o homem, para que seja puro? E o que nasce da mulher, para que fique justo?   

15. Eis que Deus não confia nos seus santos, e nem o céu é puro aos seus olhos;   

16. quanto menos o homem abominável e corrupto, que bebe a iniqüidade como a água?   

17. Escuta-me e to mostrarei; contar-te-ei o que tenho visto   

18. (o que os sábios têm anunciado e seus pais não o ocultaram;   

19. aos quais somente era dada a terra, não havendo estranho algum passado por entre eles);   

20. Todos os dias passa o ímpio em angústia, sim, todos os anos que estão reservados para o opressor.   

21. O sonido de terrores está nos seus ouvidos; na prosperidade lhe sobrevém o assolador.   

22. Ele não crê que tornará das trevas, mas que o espera a espada.   

23. Anda vagueando em busca de pão, dizendo: Onde está? Bem sabe que o dia das trevas lhe está perto, à mão.   

24. Amedrontam-no a angústia e a tribulação; prevalecem contra ele, como um rei preparado para a peleja.   

25. Porque estendeu a sua mão contra Deus, e contra o Todo-Poderoso se porta com soberba;   

26. arremete contra ele com dura cerviz, e com as saliências do seu escudo;   

27. porquanto cobriu o seu rosto com a sua gordura, e criou carne gorda nas ilhargas;   

28. e habitou em cidades assoladas, em casas em que ninguem deveria morar, que estavam a ponto de tornar-se em montões de ruínas;   

29. não se enriquecerá, nem subsistirá a sua fazenda, nem se estenderão pela terra as suas possessões.   

30. Não escapará das trevas; a chama do fogo secará os seus ramos, e ao sopro da boca de Deus desaparecerá.   

31. Não confie na vaidade, enganando-se a si mesmo; pois a vaidade será a sua recompensa.   

32. Antes do seu dia se cumprirá, e o seu ramo não reverdecerá.   

33. Sacudirá as suas uvas verdes, como a vide, e deixará cair a sua flor como a oliveira.   

34. Pois a assembléia dos ímpios é estéril, e o fogo consumirá as tendas do suborno.   

35. Concebem a malícia, e dão à luz a iniqüidade, e o seu coração prepara enganos.