9. Eu já era homem feito quando me casei com Ana, que era da minha tribo. Tivemos um filho e dei-lhe o nome de Tobias.
10. Mais tarde fui levado como prisioneiro para a Assíria e fiquei a morar em Nínive. Todos os meus parentes e os do meu povo comiam dos alimentos daquele povo pagão,
11. mas eu permaneci firme e não comia daquelas coisas.
12. De todo o meu coração eu obedecia ao meu Deus,
13. e por isso o Deus Altíssimo fez com que o rei Salmanasar me tratasse com simpatia e respeito. Fui então encarregado de comprar todos os mantimentos para o palácio do rei.
14. Enquanto Salmanasar viveu, eu ia sempre até à Média a fim de fazer compras para ele. Certa vez, na cidade de Ragués, na Média, deixei guardados para mim, na casa de Gabael, irmão de Gabri, alguns sacos cheios de moedas de prata, que pesavam mais ou menos trezentos e quarenta quilos.
15. Quando Salmanasar morreu, o seu filho Senaqueribe ficou no lugar dele como rei da Assíria. As estradas para a Média eram inseguras, e por isso não pude continuar a fazer as minhas viagens até lá.
16. Ainda no tempo de Salmanasar, muitas vezes ajudei os meus irmãos necessitados.
17. Se estavam com fome, dava-lhes comida; se não tinham roupa, eu dava. E, se eu visse o corpo de um dos do meu povo atirado para fora das muralhas de Nínive, pegava nele e enterrava-o.
18. Enterrei também aqueles que Senaqueribe mandou matar, quando regressou como fugitivo da Judeia, durante o tempo do castigo que o Rei do céu decretou contra ele pelas blasfémias que havia proferido. Senaqueribe ficou tão furioso que mandou matar muitos israelitas. Mas em segredo, eu pegava nos corpos e enterrava-os; e, quando Senaqueribe os procurava não os achava.
19. Mas um dos moradores de Nínive foi contar ao rei que era eu quem enterrava os corpos às escondidas. Quando tive conhecimento que o rei, sabendo o que eu tinha feito, me queria matar, fiquei com medo e escondi-me; depois fugi.
20. Todos os meus bens foram confiscados e entregues ao tesouro do rei. Não fiquei com nada, a não ser com Ana, a minha mulher, e com o meu filho Tobias.
21. Quarenta dias depois disso, os dois filhos de Senaqueribe mataram-no e fugiram para as montanhas de Ararat. O seu filho Assaradom sucedeu-lhe no trono. Este nomeou ministro das finanças do reino o filho do meu irmão Anael, chamado Aicar, e deu-lhe autoridade sobre toda a sua casa.
22. Nessa altura, Aicar intercedeu por mim e eu pude voltar para Nínive. Pois, já no tempo de Senaqueribe, rei da Assíria, Aicar tinha sido copeiro-mor, ministro da justiça, administrador e tesoureiro, e Assaradom reconduziu-o em todos os seus cargos. Ele era, de facto, meu sobrinho, um membro da minha família.