10. «Meus amigos, vejo que a nossa viagem daqui para diante vai ser perigosa, representando muitos prejuízos para a carga e para o navio. E até nós podemos perder a vida.»
11. Mas o oficial romano tinha mais confiança no piloto e no capitão do que em Paulo.
12. O porto não tinha condições para lá se passar o inverno, por isso a maioria achava que devíamos sair dali e tentar chegar à cidade de Fenice, que é um porto de Creta com uma parte virada a sudoeste e outra a noroeste, para ali passarmos o inverno.
13. Começou a soprar do sul um vento fraco. Por isso pensaram que podiam pôr em prática o que tinham planeado. Levantaram ferro e seguiram ao longo da costa de Creta.
14. Mas pouco depois desencadeou-se um vento ciclónico de nordeste
15. que arrastou o navio. Como se tornou impossível navegar contra o vento, deixámos o navio ir à deriva.
16. Passámos depressa a sul de uma ilhota chamada Cauda, onde o vento era menos forte, e ali conseguimos com muita dificuldade salvar a baleeira do navio.
17. Os marinheiros içaram-na para bordo e reforçaram o navio com cabos de segurança. Depois, como tinham medo que o navio fosse encalhar nos bancos de areia das costas da Líbia, baixaram as velas e foram à deriva.
18. No outro dia, como a tempestade continuava muito forte, começaram a deitar a carga ao mar.
19. No terceiro dia, deitámos à água os apetrechos do navio, com as nossas próprias mãos.
20. Durante muitos dias não conseguimos ver nem o Sol nem as estrelas. A tempestade continuava ameaçadora, de maneira que já não tínhamos qualquer esperança de nos salvarmos.
21. Havia muito tempo que não comíamos nada. Então Paulo pôs-se de pé no meio deles e disse: «Meus amigos, tinha sido melhor darem-me ouvidos e termos ficado em Creta. Teríamos evitado assim este sofrimento e estes prejuízos.
22. Mas agora tenham coragem, porque ninguém aqui vai morrer. Apenas se perde o navio.