3. Ao achar-se em Ecbátana, foi informado do sucedido com Nicanor e com o exército de Timóteo.
4. Furioso, resolveu descarregar sobre os judeus o mal infligido por aqueles que o tinham posto em fuga. Por isso, ordenou ao condutor da sua carruagem que prosseguisse a viagem, sem parar, mas o juízo do céu já seguia com ele. Pois cheio de soberba, disse: «Quando lá chegar, farei de Jerusalém uma vala comum de judeus!»
5. Mas o Senhor que vê tudo, o Deus de Israel, derrubou-o com uma doença incurável e invisível. Mal acabara de pronunciar estas palavras, acometeu-o uma dor intolerável nas entranhas e atrozes tormentos no ventre.
6. Era o castigo que ele merecia, pois tinha feito outros sofrerem as mesmas dores, ferindo cruelmente, como forma de tortura, os intestinos de muitas pessoas.
7. Mas o seu sofrimento não fez diminuir a sua arrogância, antes se encheu de orgulho e, exalando uma fúria ardente contra os judeus, mandou que se acelerasse o andamento. Sucedeu, enfim, que eles caiu do carro, que rodava a toda a velocidade e, na infeliz queda, todos os membros do seu corpo ficaram mutilados.
8. O homem que pouco antes julgava que podia mandar nas ondas do mar e pesar os picos das montanhas numa balança, jazendo por terra, era transportado numa maca, mostrando claramente a todos o poder de Deus.
9. Dos olhos daquele pagão começaram a sair vermes. Ainda estava vivo, e sentia muita dor e aflição, e pedaços de carne caíam do seu corpo. E o mau cheiro da podridão do seu corpo fazia o exército inteiro sentir-se mal.
10. Por causa do fedor, ninguém podia carregar esse homem que pouco antes pensava que podia tocar com as mãos as estrelas do céu.
11. Foi então que começou a cair da sua excessiva soberba, na sua tortura, e se deu conta do seu estado, sob o chicote divino, entre dores que se intensificavam a todo o momento.
12. E não podendo suportar o seu próprio fedor, disse ele: «Justo é que um mortal se submeta a Deus, sem pensar em ser igual a ele.»
13. Já tinha passado a hora de o Senhor ter compaixão daquele miserável, mas mesmo assim Antíoco fez a seguinte promessa a Deus:
14. «Eu dirigia-me com pressa à cidade santa a fim de a arrasar e fazer com que ela se tornasse um cemitério; mas agora declaro que Jerusalém é uma cidade livre.
15. Tinha resolvido atirar para o campo os corpos dos judeus e dos seus filhos, para serem comidos pelos animais selvagens e pelos pássaros, pois achava que os judeus não mereciam ser enterrados. Mas agora declaro que os judeus terão os mesmos direitos que os moradores de Atenas.
16. Devolverei os vasos sagrados que roubei do templo; darei ainda outros vasos mais bonitos e enfeitarei o santuário com lindos presentes; e eu mesmo pagarei as despesas dos sacrifícios que serão oferecidos ali.
17. Além disso, vou tornar-me judeu e irei percorrer todos os países do mundo a fim de anunciar o poder de Deus.»
18. Contudo, sem experimentar qualquer alívio para as suas dores, pois o justo castigo de Deus pesava sobre ele, perdeu a esperança sobre o seu próprio estado, escreveu aos judeus uma carta, com uma petição, que a seguir se transcreve: