17. Pediu que não se esquecessem de que os pagãos tinham profanado vergonhosamente o templo, que tinham feito Jerusalém sofrer e, mais ainda, que tinham acabado com os costumes dos seus antepassados.
18. «Uns confiam nas suas armas e na sua valentia» — disse Judas — «mas nós confiamos no Deus Todo-Poderoso, que com um único gesto pode derribar não somente esses que vêm contra nós, mas também o mundo inteiro.»
19. E Judas lembrou-lhes o auxílio que os seus antepassados tinham recebido, especialmente no tempo de Senaquerib, em que cento e oitenta e cinco mil homens foram mortos;
20. lembrou-lhes também a batalha contra os gálatas, na Babilónia, em que um número total dos que nela se envolveram foi de oito mil, juntamente com um exército de quatro mil macedónios, e em que, estando estes em dificuldades, os oito mil destruíram cento e vinte mil inimigos, graças à ajuda do céu, e obtiveram um copioso saque.
21. Após ter, com estas palavras, suscitado nos seus homens coragem e predisposição para morrerem pelas leis e pela sua pátria, dividiu o exército em quatro grupos,
22. pôs cada um dos seus irmãos, Simão, José e Jónatas, no comando de uma divisão, colocando sobre as suas ordens mil e quinhentos homens,
23. e mandou Eleazar ler em voz alta o Livro Sagrado. Deu-lhes como grito de guerra «com a ajuda de Deus», e, pondo-se ele próprio à frente da primeira divisão, atacou Nicanor.
24. Com o Todo-Poderoso como seu aliado, massacraram mais de nove mil inimigos, feriram e mutilaram a maioria dos homens de Nicanor e a todos puseram em fuga.
25. Apoderam-se do dinheiro dos que tinham vindo para os comprar como escravos. Depois de os perseguirem durante muito tempo, regressaram, porque já estava a ficar tarde,
26. pois era a véspera do sábado e, por isso, não se estenderam mais na perseguição.
27. Depois que recolheram as armas e os despojos dos inimigos, celebraram o sábado, louvaram o Senhor, agradeceram-lhe muito porque os tinha salvado naquele dia e por ter começado a mostrar a sua misericórdia para com eles.
28. Depois do sábado, deram uma parte dos despojos às vítimas de perseguição, às viúvas e aos órfãos; o resto, repartiram entre si e os seus filhos.
29. Posto isto, oraram em conjunto, pedindo ao Senhor misericordioso que se reconciliasse completamente com os seus servos.
30. Nas lutas contra as forças de Timóteo e Báquides mataram mais de vinte mil homens, conquistaram fortalezas muito altas e apoderaram-se de imenso saque, que dividiram em duas partes iguais, uma para si, outra para as vítimas de perseguição, os órfãos, as viúvas e até mesmo os idosos.
31. Recolheram as armas dos inimigos, guardaram-nas com cuidado em lugares estratégicos e levaram para Jerusalém o resto dos despojos.
32. Mataram o comandante das tropas de Timóteo, um homem de grande impiedade e que muito tinha afligido os judeus.
33. Nas comemorações pela vitória, na sua pátria, queimaram os que tinham posto fogo aos portões do templo, incluindo Calístenes, que se tinha refugiado numa casa e assim recebia a merecida paga pela sua impiedade.