4. Ora, um certo Simão da tribo de Benjamim, que tinha sido nomeado administrador do templo, entrou em conflito com o sumo sacerdote a respeito da administração do mercado da cidade.
5. Não podendo convencer Onias, Simão foi ter com Apolónio, filho de Társeas, que naquela época era chefe militar da Celessíria e da Fenícia.
6. Contou-lhe que o tesouro de Jerusalém estava cheio de incontáveis riquezas, de sorte que o seu montante era incalculável, que não pertenciam ao orçamento dos sacrifícios e que era possível trazê-las para o controlo real.
7. Apolónio reuniu-se com o rei e informou-o a respeito das riquezas que lhe tinham sido denunciadas. O rei nomeou Heliodoro, seu ministro, e enviou-o com instruções para a confiscação das referidas riquezas.
8. Heliodoro saiu imediatamente, aparentemente para visitar as cidades da Celessíria e da Fenícia; na verdade, porém, ia cumprir a ordem do rei.
9. Chegado a Jerusalém, foi cordialmente recebido pelo sumo sacerdote. Deu conta das informações que recebera e expôs o motivo da sua visita, perguntando se a história correspondia à verdade.
10. O sumo sacerdote explicou-lhe que uma parte do depósito era das viúvas e dos órfãos, somando no total catorze mil quilos de prata e sete mil quilos de ouro, ao contrário das calúnias feitas pelo ímpio Simão.
11. A outra parte pertencia a Hircano, filho do Tobias, homem que ocupava uma posição muito elevada.
12. Disse-lhe ainda que seria absolutamente impossível causar tal injustiça contra os que confiavam na santidade do lugar e na dignidade e inviolabilidade do templo, venerado em todo o mundo.
13. Mas Heliodoro, em virtude das ordens recebidas do rei, insistiu perentoriamente que esses bens deveriam ser confiscados para o tesouro do real.
14. No dia marcado, Heliodoro entrou no templo para fazer um inventário das riquezas existentes. Não foi pequena a consternação sentida por toda a cidade.
15. Os sacerdotes, vestindo os seus mantos sacerdotais, curvaram-se diante do altar e pediram ao céu, àquele que fez a lei dos depósitos, que os conservasse intactos para aqueles que os tinham depositado.
16. Quem olhasse para o sumo sacerdote sentiria uma dor no coração, pois a alteração nas cores do seu rosto mostrava a aflição da sua alma.
17. Com efeito, o medo enchia este homem e o seu corpo tremia; e assim, deste modo, era manifesto a quem olhava a dor que tinha dentro do coração.
18. As pessoas saíam precipitadamente das suas casas, para uma oração comum, por causa da iminente profanação do templo.
19. As mulheres, cingidas de roupas de pano grosseiro, enchiam as ruas. As jovens normalmente fechadas em casa, corriam; umas para os portões da cidade, outras para o alto das muralhas, e algumas debruçavam-se das janelas.
20. Todas erguiam as mãos ao céu e faziam súplicas.
21. Dava dó ver a confusa prostração da multidão e a apreensão em que se achava o angustiado sumo sacerdote.
22. Enquanto, pois, pediam ao Senhor Todo-Poderoso que guardasse em segurança os seus depósitos,