14. No dia marcado, Heliodoro entrou no templo para fazer um inventário das riquezas existentes. Não foi pequena a consternação sentida por toda a cidade.
15. Os sacerdotes, vestindo os seus mantos sacerdotais, curvaram-se diante do altar e pediram ao céu, àquele que fez a lei dos depósitos, que os conservasse intactos para aqueles que os tinham depositado.
16. Quem olhasse para o sumo sacerdote sentiria uma dor no coração, pois a alteração nas cores do seu rosto mostrava a aflição da sua alma.
17. Com efeito, o medo enchia este homem e o seu corpo tremia; e assim, deste modo, era manifesto a quem olhava a dor que tinha dentro do coração.
18. As pessoas saíam precipitadamente das suas casas, para uma oração comum, por causa da iminente profanação do templo.
19. As mulheres, cingidas de roupas de pano grosseiro, enchiam as ruas. As jovens normalmente fechadas em casa, corriam; umas para os portões da cidade, outras para o alto das muralhas, e algumas debruçavam-se das janelas.
20. Todas erguiam as mãos ao céu e faziam súplicas.
21. Dava dó ver a confusa prostração da multidão e a apreensão em que se achava o angustiado sumo sacerdote.
22. Enquanto, pois, pediam ao Senhor Todo-Poderoso que guardasse em segurança os seus depósitos,
23. Heliodoro, por seu turno, cumpria o que fora decidido.
24. Achava-se já ele junto do tesouro, com os seus guarda-costas, quando o Senhor dos espíritos celestiais e de todas as autoridades se lhe manifestou tão tremendamente, que todos os que ousaram acompanhar Heliodoro ficaram cheios de pavor com o poder de Deus e desfaleceram de terror.
25. Viram um cavalo magnificamente arreado, montado por um cavaleiro de aparência terrível; acometendo com fúria, lançou os cascos dianteiros contra Heliodoro. O cavaleiro envergava o que parecia uma armadura de ouro.
26. Apareceram-lhe dois outros jovens, de força extraordinária e esplendorosa beleza, e magnificamente trajados. Colocando-se cada um de cada lado de Heliodoro, chicoteavam-no sem cessar, desferindo-lhe golpe sobre golpe.
27. De repente, Heliodoro caiu no chão desmaiado. Os seus companheiros tomaram-no e colocaram-no numa maca;
28. aquele homem, que um pouco antes tinha entrado no referido tesouro do templo, com grande escolta e todos os seus guarda-costas, era agora carregado, incapaz de se ajudar a si próprio. E presentes reconheceram que se tinha manifestado o poder de Deus.
29. Jazia prostrado por ação divina, sem voz e privado de toda a esperança e socorro.
30. Os judeus, por seu turno, louvavam ao Senhor que tinha glorificado extraordinariamente o seu santo lugar. E o santuário, onde antes havia medo e tumulto, estava agora repleto de alegria e felicidade pela manifestação do Senhor Todo-Poderoso.