34. Dito isto, foi-se embora. Os sacerdotes levantaram as mãos ao céu e invocaram aquele que sempre tem defendido o nosso povo, dizendo:
35. «Ó Senhor, tu de nada precisas, mas achaste por bem que se fizesse entre nós o templo para tua habitação.
36. Agora, pois, Senhor santo, conserva para sempre incontaminada esta casa, que acabou de ser purificada.»
37. Razis, um dos anciãos de Jerusalém, foi denunciado a Nicanor. Era um homem que amava os seus concidadãos, tido em alta estima e considerado pelos judeus como pai, pela sua bondade.
38. Nos primeiros tempos da revolta, ele tinha sido acusado de praticar a religião judaica e batera-se de corpo e alma pelo judaísmo.
39. Nicanor, porém, querendo mostrar a aversão que tinha para com os judeus, enviou mais de quinhentos soldados para o prenderem,
40. pois achava que prendê-lo seria um golpe muito duro para eles.
41. Quando as tropas estavam prestes a tomar a torre, e já forçavam o portão de entrada do pátio, mandado vir fogo para o incendiar, Razis, cercado por todos os lados, apontou contra si mesmo a sua própria espada,
42. preferindo morrer com honra a cair nas mãos daqueles ímpios e sofrer ultrajes indignos da sua distinta condição.
43. Mas como não acertou o golpe, por causa do frenesi da luta, e estando já as tropas inimigas a penetrar nas portas, correu com valentia para o alto da muralha e corajosamente se atirou para cima da multidão.
44. Todos se apressaram a recuar e Razis caiu no espaço aberto que eles deixaram.
45. Respirando ele ainda, levantou-se inflamado de ardor e, embora gravemente ferido e a esvair-se em sangue, passou pelo meio da multidão e subiu a uma rocha escarpada.
46. Tendo já vertido todo o seu sangue, arrancou as suas entranhas, pegou nelas com as duas mãos e atirou-as para a multidão. Clamou depois ao Senhor da vida e do espírito para que lhas restituísse um dia. E desta forma, rendeu ele a vida.